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ARTIGO DE OPINIÃO: "Violência no Futebol", por Ricardo Bragança Silveira

 

No passado dia 5 de março, mais um episódio que envergonha o futebol em Portugal. Num jogo das distritais da Associação de Futebol de Santarém, que opunha o Grupo Desportivo Marinhais ao Atlético Clube Recreativo Espinheirense, o guarda redes da equipa de Marinhais, Francisco Lacão, pontapeou repetidamente um adversário. O jogo terminou logo que se deu a agressão e após a entrada da GNR, e o jogador, no dia seguinte, recorreu às redes sociais para pedir desculpa aos clubes, ao adversário e informou que ia deixar de jogar futebol devido ao seu ato irrefletido. Esta é a história em resumo, mas convém esmiuçar um pouco mais o que aconteceu.

Confesso que, quando vi as imagens, pensei que seria de um qualquer jogo na América do Sul, onde estes atos são comuns, pasme-se quando percebi que isto aconteceu no nosso país. Há muito que venho a dizer que o futebol deixou de ser uma festa e um desporto para passar a ser uma guerra dentro de campo. Mas os problemas começam fora de campo. Claques, que mais parecem grupos de crimes organizados. Dirigentes que mais parecem pirómanos a lançar gasolina e depois acender o fósforo para atear bem o fogo. Comentadores que se alimentam de todas as polémicas para se sobressaírem no futebol. E depois temos o que vimos no passado dia 5. Um jogador que agride outro. O problema não são as sanções, o problema é bem maior que esse.

Muita gente se indignou com esta agressão, mas recordemos um lance de um jogador profissional, na altura ao serviço do Real Madrid, num jogo da Liga espanhola, que pontapeou repetidamente um adversário, que estava no chão. Para quem não se recorda, num jogo entre o Real Madrid e o Getafe em abril de 2009, Pepe empurrou e deu dois pontapés a Casquero, quando este estava no chão na grande área. No seguimento da expulsão, levou 10 jogos de castigo e continuam a ser recorrentes as agressões de Pepe a adversários. Isto continua a acontecer no futebol, sem que os dirigentes nada façam. Depois as coisas repercutem-se nos outros escalões. Não é diferente.

Recuemos um pouco mais. Na final do Campeonato do Mundo de 2006, entre a Itália e a França, após uma troca de palavras, Zidane deu uma cabeçada em Materazzi e foi expulso. Depois disto, a Itália vir-se-ia a sagrar campeã do mundo de futebol.

Na realidade, isto serve para dizer o quê? Claro que nenhum destes atos justifica as agressões protagonizadas pelo guarda redes Francisco Lacão, mas serve para se começar a questionar estes momentos que vão acontecendo no futebol profissional. Talvez um dia o futebol venha a ser uma festa e um desporto, mas não será por agora. Nestes tempos que correm, o futebol não é mais do que um guerra e, enquanto assim for, muito dificilmente as coisas mudarão.

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