ARTIGO DE OPINIÃO: "O que estamos a fazer dos nossos filhos?", por Catarina Arnauth
Tenho um amigo que me diz que dou sempre opinião sobre tudo, mesmo que não me tenha sido pedida... Mas desta vez foi me pedida, acerca de um tema aleatório.
Muito se tem falado acerca da saúde mental dos jovens, realmente é um problema que existe!
Mas como profissional, que ao longo dos anos tem vindo a conhecer imensos jovens no seu primeiro, contacto com trabalho, mas essencialmente como mãe!
Questiono-me imensas vezes, os nossos meninos estão doentes porquê??? Não seremos nós os pais, educadores, profissionais os primeiros a estar doentes? Sim. Estamos doentes.
A maioria dos pais destes jovens nasceram nas décadas de 70/80, num pós 25 de abril, numa ilusão que tudo o que vinha a seguir seriam só facilitismos. Vínhamos de um ciclo de autoritarismo, de medos, nós ainda fomos aprisionados, não nos era dado o direito de sonhar, de voar.
E nos que fizemos com a geração seguinte? Facilitamos, libertámos demais, permitimos demais...
O nosso grau de exigência para com os miúdos limitou-se às boas notas na escola...se possível e sempre possível ter um aluno de mérito em casa! Não, pais! Estes não são os valores.
E no dia que o filho não tirar boas notas? vêm os medos, as inseguranças, a frustrado, a desilusão... porquê? Porque não há mais mundo além desse, não têm onde se agarrar!
Esquecemo-nos na nossa correria do dia-a-dia, na constante busca pelo dinheiro (para podermos dar o melhor aos nossos filhos), de lhes dar atenção, de os abraçar, de lhes dar colo, de os ir buscar â escola, de ir â festa da escola... Esquecemo-nos de falar com eles no final da tarde ou perceber pela sua expressão o que os incomodou durante o dia.
Nós, adultos estamos a esquecer-nos do que realmente importa, Amor! Amor por nós, amor pelos nossos! Somos nós que estamos doentes e estamos a contaminar os que mais amamos. Está tudo a um ritmo alucinante e não estamos a conseguir acompanhar.
Somos nós que não lhes estamos a dar as ferramentas necessárias para que consigam enfrentar a vida (que é dura, sim!). Somos nós que lhes dizemos "não chores, não vás abaixo"... Tão errado que isto é... Temos que chorar, temos que ir abaixo, para podermos valorizar quando estamos em cima!
"Vamos estar mais presentes, ao invés de dar presentes". É um slogan que faz todo o sentido!
Somos nós os primeiros a estar doentes e estamos sem essa consciência.
Os nossos meninos estão doentes, mas primeiro fomos nós e não soubemos agir e não soubemos pedir ajuda... Porque nos foi incutido que pedir ajuda é para fracos.
Vivemos no mundo da aparência, onde atribuímos preço as coisas e não lhes damos valor.
Preocupa-me que todos saibamos matemática, geografia mas não sabemos agir/ lidar com as adversidades da vida.
Aceitar as decisões dos nossos filhos, amigos, familiares também são atos de amor.
Aos pais, estejam atentos aos detalhes!
Aos filhos, peçam ajuda!
