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ARTIGO OPINIÃO: "O que está por detrás do ZMAR", por Ricardo Bragança Silveira

 

Fotografia de viagensa4

Nestes últimos dias temos sido absorvidos com algumas notícias sobre a cerca sanitária em Odemira, com a polémica no ZMAR. Esta polémica veio trazer à tona um problema que, pelos vistos, muitos conheciam, mas insistiam em ocultar. Emigrantes que, estando em situação legal no nosso país, de acordo com o SEF, passam por condições desumanas nas estufas agrícolas. Pelos vistos tínhamos empresários a pagar uma miséria de salário por trabalho de Sol a Sol, a pessoas só por serem estrangeiras. Claro que temos muitos portugueses a viverem a mesma situação e o facto de levantar preocupações sobre a situação destes emigrantes não retira em nada a preocupação com os portugueses.

Então vejamos, com tudo isto foram detectados vários emigrantes que nem dinheiro tinham para terem um abrigo condigno. Neste caso as autoridades falharam porque aqueles empresários cometeram um crime, chama-se “Criação de Rede de Escravatura” e isto deve-nos preocupar, enquanto país e enquanto seres humanos, sim, porque não é por serem estrangeiros que não têm direito ao cumprimento das leis.

Depois, o ZMAR. Bom, vamos por partes, o ZMAR nada mais é senão um Parque de Campismo, e foi apenas para isso que foi licenciado. Se houve “proprietários” que contornaram a lei para construírem as casas pré-fabricadas naquele espaço, é um problema que têm de resolver com quem recebeu o dinheiro por isso. Depois, o ZMAR tinha uma licença de campismo, a qual caducou em Dezembro de 2019, não tem uma licença de instalação de casas permanentes, mas até a licença de campismo / caravanismo está caducada. Importa referir que a sociedade que gere o ZMAR foi considerada insolvente a 10 de Março de 2021, de onde o Estado é o principal credor. Não nos podemos esquecer que este empreendimento está situado numa zona de Reserva Ecológica Nacional e Reserva Agrícola Nacional, onde nada se pode construir, mas construíram casas amovíveis. O Estado apenas se apoderou de algo da qual é credor e que já nem licenciamento tem para ser Parque de Campismo, quanto mais um complexo habitacional. Importa não esquecer que o que se passa no ZMAR é um caso de justiça, sim, mas para responderem os administradores da empresa por terem permitido construir casas amovíveis ali, cobrando valores que não podiam cobrar aos proprietários. Compreende-se a frustração dos proprietários, mas, neste caso, também eles falharam, porque deviam saber que não podiam construir ali casas, sejam elas amovíveis ou não. Aguardemos com alguma expectativa os próximos dias, atendendo a que o tribunal aceitou uma providência cautelar por parte dos proprietários, mas em nada pode ser lesiva para o Estado.

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