CRÍTICA EM SÉRIE: "Dungeons and Dragons", por Hugo Simões
Primeiro gostaria de dizer que estou a escrever esta análise
com o objectivo de lixar a cabeça ao meu editor e de o convencer a sair comigo
ao sábado, e com este pensamento em mente podemos seguir.
Hoje mais uma vez trago algo diferente, sendo que trago
tanta coisa diferente que talvez fizesse mais sentido dar outro nome a este
espaço porém vamos lá.
Das várias actividades com que ocupo o meu tempo sejam elas
trabalho, hobbies, viagens ou a minha namorada, uma coisa que me faz feliz
desde que me lembro são jogos, videojogos de todas as consolas e todos os
gêneros foram uma das actividades que mais me fez feliz ao longo da vida pelas
mais variadas razões sendo que hoje em dia não só aprecio a arte envolvida nas
suas diversas formas mas também adoro a maneira como isso é aliado a uma
actividade que me faz pôr em pausa os meus problemas e me desafia e estimula.
Acima de todos os gêneros de jogos existe um que sempre foi o meu favorito, os
RPG - Role Playing Games, jogos de interpretação de personagem. O maior
problema dos RPG é que são muito difíceis de explicar a quem não conhece a quem
não faz ideia do que estamos a falar, mas vou tentar. RPG de maneira geral são
jogos carregados de história onde controlas uma ou mais personagens com
características similares a jogos de estratégia e as usas para derrotar
inimigos e concluir objetivos de maneira a chegar ao fim da história. Confusos?
Se já viram os filmes do Senhor dos Anéis conseguem ter uma ideia, onde um
protagonista com determinadas características (coisas que é bom e mau) vive a
sua vida numa aldeia remota até que um grande mal se abate sobre e é forçado a
viajar de ponto A a B sendo perseguido por monstros até que ao chegar lá
descobre que tem de chegar ao ponto Z para destruir o mal no mundo enquanto os
inimigos vão ficando gradualmente mais fortes e tem de usar as habilidades da
sua equipa para concluir os objetivos sejam eles derrotar um exército de
monstros, passar despercebido pelo seu território ou salvar a alguém. Eu dei
este exemplo porque todos os RPG são baseados neste conceito criado por Senhor
dos Anéis que mais tarde deu origem ao pai de todos os RPG, Dungeons and
Dragons.
A cerca de dois anos atrás descobri que já não gosto tanto
de sair a noite como gostava, mas ainda gosto de estar com os meus amigos, a
ideia de estar encostado a beber uma noite inteira já não me fascina, mas estar
em casa a jogar ao sábado a noite também não é das coisas mais saudáveis, e
como fã de RPG eu já tinha ouvido falar de Dungeons and Dragons, o dito pai dos
RPG digitais que eu tinha ideia que era um jogo de tabuleiro, que usava os
mesmos princípios dos jogos que eu conhecia porém era jogado em volta de uma
mesa, com lápis, papel e dados, então comprei um kit para iniciantes e meus
amigos no que eu me fui meter.
Primeiro D&D não é um jogo de tabuleiro, é um jogo de
mesa (existe diferença) com 30 anos e com milhões de fãs no mundo inteiro, só
que por alguma razão é praticamente desconhecido em Portugal, porém muito
famoso no Brasil. Estou a falar de um jogo com literalmente milhares de páginas
de regras porém ao jogar é mais simples do que jogar Monopólio. Isto acontece
da seguinte maneira, os jogadores (3 a 5) pegam numa ficha onde vão começar por
escolher raça e classe (ex: elfo feiticeiro) e vão preencher, seguindo as
regras, os valores das características principais da sua personagem (ex: força,
inteligência) e a partir desses 3 dados vão surgir todas as habilidades das
personagens, a partir dai imaginam uma pequena historia para ela e começa a
aventura onde o Mestre de Jogo, que é o narrador e árbitro que também
interpreta as personagens com quem os jogadores se vão cruzar e as coisas são
decididas a partir da vossa estratégia, atributos das personagens e lançamento
dos dados. Este universo é tão rico e cheio de informação que podem
literalmente passar anos a jogar uma aventura sem repetir nada.
Para quem conhece aquilo que estou a falar entendam que não
estou apenas a apelar a Dungeons and Dragons, mas também a todos os outros RPG
de mesa que existem tal como todos os jogos de tabuleiro que tenho
experimentado nos últimos dois anos e me fizeram descobrir que prefiro passar
um sábado a noite a jogar numa mesa com amigos do que estar sempre a repetir a
mesma bebedeira, porém isto são RPG, não vale a pena explicar nada a não ser
que vocês experimentem e os interessados têm apenas de comentar.
Fotografia de Hugo Simões |