ARTIGO DE OPINIÃO: "IC8 uma estrada de risco ou um espelho da imprudência?", por Cátia Pinto
Captado do Google Maps |
Ter-se-á tornado o IC8 o troço da morte? Necessitará de uma intervenção rápida e eficaz? Ou serão apenas os condutores irresponsáveis culpados, não querendo, suscitar suscetibilidades? Estas são muitas das questões que se colocam por quem tem assistido aos inúmeros acidentes diários naquele itinerário complementar.
Sendo o IC8 uma via construída nos meados de 1993 e tendo sido estendida até 2006, com novos acessos e troços, tendo sofrido, ao longo dos anos, várias tentativas estabilização e, como se diz, na gíria popular, “remendos”, não seria suficiente para termos uma estrada em condições? Não havendo dados estatísticos concretos sobre acidentes ou possíveis fatalidades aos longos dos anos, pode constatar-se, através da comunicação social local e nacional, que pelo menos na semana passada, ocorreram cerca de cinco acidentes, que resultaram no falecimento de pelos menos duas pessoas, também podemos recordar o trágico acidente de 2013, com desfecho de onze mortes e trinta e três feridos, e o acidente de 2018, que resultou de seis vítimas mortais.
A juntar a estes números, há ainda os acidentes leves que ocorrem todos ou quase todos os dias. Será que o problema é realmente desta estrada que liga o interior ao litoral? De facto, o IC8, com o passar dos anos, deixou de desempenhar o seu objetivo inicial e passou aglomerar e a suportar mais do que aquele para o qual foi desenhado. Tornando-se uma das vias mais importantes para a zona centro, ligando as várias regiões às autoestradas A23, A1, e A13, sendo hoje um ponto fulcral no desenvolvimento económico, social e estratégico dessas mesmas regiões. Outro problema é o impedimento constante à ultrapassagem. Se percorrermos o IC8 de uma ponta à outra, poucas são as oportunidades que os utilizadores têm para realizar uma ultrapassagem em segurança. Há também a questão das faixas de aceleração e desaceleração, que são escassas ou mal dimensionadas, prejudicando os condutores e colocando-os em perigo iminente.
Ao longo dos anos, várias tem sido as lutas para que o IC8 tenha um novo rosto e seja realizada uma requalificação profunda, foi no dia 20 de março de 2025 que foi publicada a Resolução do Conselho de Ministros n.º 69/2025 que a população e a região viu a ser aprovada e a instruir as Infraestruturas de Portugal a proceder ao desenvolvimento das ações necessárias para que a via garantisse a segurança necessária ao utilizador. Mas a verdadeira questão que se coloca é a seguinte, será que uma restruturação na estrada irá resolver todos os sinistro recorrentes? Na minha opinião, não, porque acredito que a maioria dos acidentes aconteçam devido a comportamentos imprudentes, a distrações e facilitismos, mas tenho a certeza que um troço completamente reformulado será importantíssimo, pois, trará mais segurança e resposta ao tráfego existente.
É ainda imperativo que se promova também a consciencialização dos condutores, haja campanhas de prevenção e se invista numa fiscalização mais eficaz. A verdade é que a segurança rodoviária não depende apenas da infraestrutura.
A responsabilidade individual, o respeito pelas regras de trânsito e a atenção permanente ao volante são elementos essenciais para prevenir acidentes.