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ABANDONADOS: "O Grande Mosteiro Abandonado", por Francisco Almeida

 

Este mosteiro tem tanta história que vocês nem imaginam. O documento mais antigo encontrado acerca dele é de uma carta outorgada pelo abade Martinho, onde o bispo D. Miguel Salomão isenta a Ordem Religiosa dos Crúzios de direitos episcopais. Foi em 1162, que se deu início a este monumento que mais acompanhou toda a nossa Portugalidade.

Remontemos ao ano 1175, onde o nosso rei D. Afonso Henriques faz uma doação do Couto da Barra a D. Pelágio Egas, abade de Sta. Maria de Seiça. Em 1195, Seiça passou para as mãos da Ordem de Cister, albergando uma comunidade de Monges. Durante toda a Idade Média, o Mosteiro esteve com proteção direto do Rei, porque era comum haver desentendimentos com a Casa-Mãe onde estava a sede da Ordem.

Esses desentendimentos acabam em 1555 graças a D. João III e os seus bens são doados à ordem de Cristo para um novo Mosteiro em Lisboa. Cinco anos depois, D. Sebastião devolve o Mosteiro novamente à grande abadia cisterciense através da Bula de Pio IV, que anulou a extinção deste. Ainda no séc. XVI, criou-se a Congregação de Sta. Maria de Alcobaça que reformulou os seus mosteiros.

As obras iniciaram-se em 1572, prolongando-se no tempo, derrubando a antiga igreja medieval e só 100 anos depois é que construíram a igreja atual em estilo maneirista. Com a renovação e aproximidade ao Colégio de Sta. Cruz de Coimbra, este mosteiro passou a ser Centro de Estudos filosóficos da Ordem.




Dando-se a extinção das Ordens Religiosas em 1834, o Mosteiro foi abandonado. No séc. XIX tornou-se propriedade do Estado e foi entregue à Paróquia de N. Sra. do Ó pela ordem de D. Pedro V. A Junta da Paróquia em 1871 decidiu demolir a sacristia do lado sul para aproveitar a pedra para tapar o Cemitério e o adro da Igreja Matriz de Paião. Construído-se o caminho-de-ferro da linha oeste em 1888, fez-se com que se demolisse as estruturas subsistentes do presbítero.

Em 1895, o Mosteiro é vendido a particulares por 500 mil réis (equivale a 12mil €) para tarefas agrícolas, funcionando como armazém e celeiro.

Passando para o ano 1911, Joaquim dos Santos Carriço, um brasileiro torna-viagem, compra as instalações por 6000 escudos (equivale a quase 500 mil euros) ao comendador Manuel Marques Leitão.

A Igreja foi transformada em unidade industrial de descasque de arroz e esta acabou a sua laboração em 1976 por falecimento de Joaquim Carriço e desentendimentos dos herdeiros.

Estes últimos proprietários eram os mais conhecidos e mais bem vistos pela população. Ajudaram a escola e os pobres com o arroz que ofereciam e davam trabalho às pessoas de Paião. Em 2002 o Mosteiro ganhou proteção, clasissificando-se como imóvel de interesse público. Dois anos depois, a Câmara Municipal da Figueira da Foz adquiriu-o.




Em Maio fazia-se ali a Festa das Fogaças e a feira Anual em Agosto. Tornou-se valioso e interessante no ponto de vista arqueológico. Em 2019 foi requerida ampliação e requalificação do Mosteiro como Monumento Municipal e em 2021 foi aprovada a adjudicação da empreitada à empresa Teixeira Duarte por três milhões de euros. Hoje, está em estado avançado da requalificação e esperemos que seja mais um lugar com final feliz.

Lenda dos Degolados:
No ano 848, Montemor-o-Velho foi reconquistado aos Mouros pelo rei Ramiro de Leão, mas estes voltaram a atacar. Os resistentes temiam que poderia acontecer algo aos mais fracos e então encomendaram as almas dos seus familiares a Deus, degolando-os.
Depois de terem vencido a batalha, aproximaram-se da fortaleza (mosteiro) e os seus parentes afinal estavam todos vivos. Era um milagre!



Lenda da Cura:
D. Afonso Henriques andava à caça nas matas, quando um dos seus criados caiu do cavalo e faleceu. Ali perto havia uma ermida. Levou o corpo do criado até lá e preparou o seu enterro. Este por milagre, retornou à vida.

Lenda da imagem de N. Senhora:
Após ter terminado a construção do Mosteiro, o abade Manuel das Chagas ordenou que a imagem de nossa senhora que se encontrava numa ermida, fosse levada para o altar da nova igreja do mosteiro. Sem se saber porquê e como a imagem voltava sempre para a ermida.

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