ARTIGO DE OPINIÃO: "O fim da era Roger Federer", por Ricardo Bragança Silveira
E aos 41 anos, o Rei decidiu terminar a carreira. Aquele
que é, para muitos, o melhor tenista de sempre e, sobretudo, um Grande Senhor.
Dono de um sentido de humor enorme e um espírito de Fair Play como poucos. É
sabido que o Tennis é dos desportos mais leais do mundo e Federer foi dos
maiores exemplos disso mesmo. Em jogos simples obteve 1251 vitórias e 275
derrotas, tem 103 títulos, dos quais 20 são Grand Slams. Esteve, entre 2004 e
2018, 310 semanas no primeiro lugar do ranking ATP. Ganhou a Medalha de Ouro
nos Jogos Olímpicos de Pequim e a Medalha de Prata em Londres. Tal como Andre
Agassi, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Rod Laver, venceu todos os Grand Slams.
Roger Federer vai deixar saudades ao Tennis, ele respira
e vive a modalidade. Aliás, nos últimos anos, a modalidade confundiu-se com
Federer. Mas, como todos os grandes jogadores, só o são com verdadeiros
adversários à altura. Mas no Tennis, os adversários são “apenas” isso.
Adversários, não inimigos. Por isso, este fim de semana a despedida deste
grande senhor do Tennis mundial foi ao mais alto nível. Um jogo em que fez par
com o seu maior rival, Rafael Nadal, mas foi o que aconteceu depois que deixou
o mundo do desporto de boca aberta. Vimos um Rafael Nadal a chorar convulsivamente
porque o seu Grande Adversário ia abandonar a modalidade. Nadal sabe que o
Tennis não mais será igual, porque as suas próprias vitórias e derrotas eram
valorizadas porque este grande Federer jogava com ele, contra ele e no lugar
dele. Ver Nadal chorar deve ter feito qualquer amante do desporto arrepiar-se.
Podíamos pensar que Nadal ficaria feliz, porque, sem Federer, tudo fica mais
simples, mas Nadal também é de outro mundo, porque sabe que Federer melhorava o
seu Tennis.
Federer chorou, mas teve o seu adversário, e amigo, a
segurar-lhe a mão, a dar-lhe o ombro. A mostrar ao mundo que o desporto é isto.
Talvez se as outras modalidades aprendessem com o Tennis, o desporto e geral a
nível mundial fosse mesmo a festa que se pretende que seja. Muito tem o futebol
a aprender com estes exemplos. Quando isso acontecer, o clima de guerrilha que
existe no futebol terminará, até lá, fiquemos com a imagem arrepiante de Nadal
a chorar pela despedida de Federer.
Obrigado, Roger Federer!
Obrigado, Rafa Nadal!