ABANDONADOS: "A Quinta dos Pianos", por Francisco Almeida (The Joker Please)
Mais uma aventura nos esperava. Decidimos ir a uma quinta que já tínhamos guardada algum tempo. Como todos os outros lugares a que vamos, fomos à descoberta de informações que nos pudesse de alguma certa forma construir uma história do lugar e das pessoas que lá viveram.
Deparámo-nos com uma quinta enorme com várias divisões e até alguns anexos no seu exterior que possivelmente seria para criação de animais. Pouco depois descobrimos que tinha um miradouro, mas não subimos as escadas porque estavam um pouco instáveis e não quisemos arriscar.
Quando entrámos não estávamos à espera de ver grande espólio, visto que essa quinta é só conhecida pelos seus pianos, a capela e a mesa de bilhar, ao qual boa parte do tecto caiu sobre ela dando um ar mais degradado. Estávamos redondamente enganados. Ainda continha algum espólio, o que nos possibilitou ter algumas informações dos donos.
Maior parte dos livros e alguns documentos estavam com o ano 1971 e os donos desta casa deveriam ser pessoas com boas posses, visto que maior parte do mobiliário que se encontrava em algumas divisões não era propriamente barata. Ao longo do corredor tinha azulejos pintados à mão e até candeeiros de rua tinha no seu tecto. Em boa certa parte da vida deles, viveriam bem da agricultura porque ate encontrámos um documento de repartição técnica de agricultura com o ano de 1947 e de caça (encontrámos alguns livros acerca desta prática).
Chegando à capela, não queríamos crer o que os nossos olhos viam. Uma capela tão bem conservada. O tecto bem trabalhado com detalhes fenomenais e bem delineados, não falando nos frescos que tinha nas paredes. Fiquei espantado com tanto detalhe.
Por cima da porta tinha a data do ano 1880.
A sala principal era a mais bonita de todas as outras divisões. Demos de caras logo com um claveciterio no canto da sala que, por incrível, ainda tocava. E lá no fundo um piano com um livro de muitas partidas de música. Este já não tocava uma única nota.
Li algures que a dona desta casa até foi uma pianista, mas não encontrámos nenhum documento que o comprovasse. Por isso, deduzimos que os pianos seriam só para os momentos de lazer da família, assim como, a mesa de bilhar.
Ainda assim encontrámos um calendário de 1925, um documento de comunhão de 1960 e ainda uma foto já a cores de 1975, talvez de dois irmãos que provavelmente ainda estarão vivos.
No fim da exploração da quinta, já no seu exterior, encontrámos 5 carros. Uns clássicos. Claro, já não estavam tão bem conservados, faltava algumas peças e até já tinham bastantes sinais de degradação do tempo. Com certeza, em outros tempos deram belas voltas por estas estradas.