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ARTIGO DE OPINIÃO: "Ser avô", por Francisco António

 


No dia 26 de Julho, é celebrada na Igreja Católica a festa dos pais de Nossa Senhora, e avós de Jesus, São Joaquim e Santa Ana. Muito por essa razão desta data, comemora-se também o Dia dos Avós.
Ambos os santos, chamados padroeiros dos avós, foram pessoas de profunda fé e confiança em Deus; Foram os encarregados de educar no caminho da fé sua filha Maria, alimentando seu amor pelo Criador e preparando-a para sua missão.
Foi uma senhora portuguesa, chamada Ana Elisa Couto e que viveu entre 1926 a 2007, conhecida como Dona Aninhas, que reivindicou a instituição de uma data que valorizasse a figura dos avós, e assim foi escolhido o dia 26 de Julho, pelos motivos atrás referidos.

A celebração do dia dos avós é feita através de eventos e de actividades que prestam homenagem e que pretendem demonstrar carinho e apreço a todos os avós. Netos e filhos presenteiam simbolicamente os seus avós, de forma a agradecer o apoio e dedicação destes à família e mostrar o quanto eles são importantes para os seus familiares. Tal como tantos outros eventos que foram adiados, neste ano de 2020 pelos motivos que se sobejamente se conhecem, também o dia de avós passou mais ou menos despercebido a nível de eventos.

As melhores relações e, consequentemente, os melhores diálogos, existiam então muito mais entre avós e netos, também porque não existiam meios de comunicação e informação, o que conferia ao meio familiar, quase em exclusivo, o dever de transmitir valores e outros ensinamentos aos mais novos. Isto porque se entendia que as pessoas de mais idade tinham mais sabedoria, e daí mais conceituadas, por terem maior experiência de vida.

Quem não se lembra do avô, sentado no canto da lenha, contando em pormenor o historial do seu passado e dos seus antepassados, perante o ouvido atento dos netos com mais perspicácia, e com mais vontade, para assimilar os ensinamentos do avô pois, para eles, estava ali um sábio, um autentico mestre; Contava passados históricos; Modos de vida; Dificuldades passadas; Vitórias conseguidas; Distantes paragens; Etc. Etc..
A pureza das palavras simples que compunham as “histórias”, tinham uma enorme receptividade nas crianças que, ávidas de saber, escutavam atentamente a sabedoria saída da mente e da criatividade do avô ou da avó. Os diálogos, embora ingénuos, emergiam das bocas, até então caladas, querendo sempre saber algo mais sobre o que ouviam, mas que, quase sempre, não entendiam.
Mesmo assim, ficavam sempre mil perguntas por fazer porque, apesar de sábios, muito provavelmente, nem os avós teriam respostas.
Aos poucos, as coisas foram-se alterando significativamente. Com a chegada das novas tecnologias; Primeiro as rádios, as televisões, os jornais e as revistas; Mais tarde os computadores e telemóveis entre outro material tecnológico facilmente disponível. O fácil acesso a um variado numero de redes sociais modificaram completamente os diálogos entre avós e netos de que vínhamos falando. Certos tabus e preconceitos foram fortemente abalados e muitos deles até extintos, sendo que foram criadas novas formas de respeito e de solidariedade.
Em muitos casos, as histórias e os ensinamentos dos avós deixaram de fazer sentido, isto porque, no entender das últimas gerações, estão completamente desactualizados, embora se tenham de salvaguardar muitas excepções.

No entanto, em variadíssimos casos, a tecnologia também é uma ferramenta que ajuda a juntar avós e netos. As gerações não estão muito distantes a esse nível, o que faz com que seja fácil encontra-las juntas, em frente ao computador a confraternizar sobre algo engraçado que descobriram nas redes sociais, ou a ensinar um ao outro alguma novidade.

Com o decorrer dos tempos, muita coisa mudou e muitos dos avós actuais são amigos, cúmplices e conselheiros e, se não fosse a aparência física dir-se-ia que avós e netos são colegas. Para além da saudável cumplicidade, as brincadeiras e conversas são de perfeitos amigos, que se entendem na perfeição.
A proximidade que vivem estas duas gerações leva a que, por vezes, conselhos e avisos sejam entendidos de uma forma mais positiva.

Na fase de ser avô ou avó já não há a responsabilidade de ter de educar, de ser rígido para formar uma boa pessoa. Até há quem diga que os avós servem para “estragar” os netos com mimos. Os avós, principalmente os reformados, têm outra disponibilidade e o que mais querem é aproveitar os netos por isso, a melhor forma de o fazer é não os contrariar e deixar-se levar nas suas vontades.

A partir do Centro de Portugal, desejo as maiores felicidades para todos os AVÓS do mundo.
Com tecnologia do Blogger.